Sunday, May 20, 2007

Aproximação político/cidadão

As reformas da Assembleia da República

Em 30 de Março último foi apresentada na Assembleia da República uma proposta para “Reformar e modernizar a Assembleia da República para servir melhor as cidadãs, os cidadãos e a Democracia”. Decidi então ler as 96 recomendações que são explicadas ao longo de 99 páginas. A minha conclusão é que estamos perante um trabalho exemplar. Um documento que contribui para o reforço da nossa democracia, afirma o Parlamento enquanto centro do debate político e reforça o controlo da actividade governativa.

Decidi destacar 21 recomendações. O objectivo é divulgar este trabalho e as recomendações que na minha opinião são mais relevantes para aproximar os cidadãos do poder político. Não acrescentei nenhum comentário ou opinião. O que vai ler a seguir é retirado na íntegra do documento apresentado.

Os Projectos de Lei podem, na sua epígrafe, referir o nome do Grupo Parlamentar que o apresenta ou o do seu primeiro subscritor (recomendação nº 2)

Pretende-se valorizar a iniciativa política dos parlamentares e aumentar a visibilidade pública do seu trabalho que na maior parte dos casos é diluída na acção dos respectivos Grupos Parlamentares.

Realização de audições parlamentares aos indigitados para altos cargos do Estado (8.ª)

A Assembleia da República deve assumir um papel mais activo no processo de nomeação para os restantes altos cargos do Estado.

No caso do Governo ser o autor das iniciativas, estas devem ser acompanhadas dos estudos, caso existam, que as fundamentam (14.ª)

Este novo procedimento contribuirá para a melhoria da qualidade legislativa, da compreensão da iniciativa do Governo e, não menos importante, para evitar a duplicação de esforços processuais, bem como, a elaboração de estudos conexos.

Aumentar o tempo parlamentar dedicado ao trabalho das Comissões e diminuir o tempo afecto às Sessões Plenárias (24.ª)

(…) faz todo o sentido transferir para as Comissões Parlamentares, reforçando cada vez mais a sua componente política, uma parte substancial da função legislativa. Esta opção libertará as Sessões Plenárias para o verdadeiro debate político, desejavelmente contraditório, entre parlamentares e entre parlamentares e os Governos.

Garantir condições para a realização mais eficaz das actividades de contacto com o Eleitorado (25.ª)

Raramente estas actividades parlamentares chegam ao conhecimento da grande maioria dos eleitores, percepcionado nos desabafos comuns de “não sei quem é o meu Deputado a quem devo dirigir os meus problemas” ou “quando é para pedirem os votos sabem cá vir, mas depois nunca mais nos ligam”. Justifica-se uma divulgação institucional, incluindo na Internet, destas actividades parlamentares.

Melhorar o acolhimento inicial dos Deputados eleitos, particularmente os que o são pela primeira vez (37.ª)

A integração é feita lenta e casuisticamente e, na maior parte dos casos, por iniciativa do próprio Deputado. Esta realidade provoca uma aprendizagem longa da organização e do funcionamento da Assembleia da República. Em consequência regista-se uma desigualdade entre Deputados no exercício, em concreto, dos seus mandatos que urge remover.

Introduzir o Debate do Estado da Região (47.ª)

(…) é desejável que a Assembleia da República crie condições para se concentrar na análise de problemáticas de natureza regional, no âmbito do desenvolvimento harmonioso do país.

Deste modo, recomendamos a introdução de um novo debate regimental designado por Debate do estado da Região, a ocorrer em Sessão Plenária.

Divulgação das presenças e das faltas dos Deputados no sítio da Assembleia da República na Internet (48.ª)

Mais relevante do que a justificação administrativa é a justificação política, ou seja, os eleitores têm o direito a saber das presenças e das faltas dos Deputados ás reuniões da Assembleia da República.

Simplificar a elaboração dos Relatórios pela Assembleia da República (50.ª)

(…) redigi-los de modo a facilitar a sua leitura e compreensão por parte dos cidadãos.

Criação de Gabinetes de Atendimento aos Eleitores em cada círculo eleitoral (52.ª)

Desenvolvimento de um Programa de esclarecimento sobre as funções, organização e o funcionamento da Assembleia da República, em todas as Escolas do País (53.ª)

Criação da Página individual do Deputado (56.ª)

Envio periódico de uma newsletter da Assembleia da Republica e de cada uma das Comissões Parlamentares, para os cidadãos que o desejem (60.ª)

Envio de alertas por temas de interesse, para os cidadãos (61.ª)

Criação de um Portal para os jovens (62.ª)

Atribuir Prémios a trabalhos curriculares e científicos de investigação qualificada sobre a Assembleia da República (67.ª)

Os Deputados devem dispor de créditos para convidarem os cidadãos a visitarem a Assembleia da República (68.ª)

Todos os documentos da Assembleia da República devem ser públicos e colocados no sítio da Internet (77.ª)

Colocação dos Registos de Interesse Financeiros dos Deputados no Portal da Assembleia da República, da Internet (78.ª)

Fixação de horários e respeito pelo seu cumprimento (82.ª)

Fazer do Palácio de S. Bento um edifício livre de fumo (90.ª)

Nota: poderá consultar todo o documento em www.ps.parlamento.pt

Celso Guedes de Carvalho

3 comments:

MSS said...

cheira-me a cravos... a revolução... o teatro interventivo novamente... humm...

Anonymous said...

cheira? é que não tirando o justo valor destas propostas, considerá-las "revolucionárias" é duma pobreza franciscana.
de que serve a um jovem desempregado que não se possa fumar nos corredores do parlamento? que diferença faz a uma mulher que tem de renunciar à maternidade para poder manter o seu emprego que a página da AR tenha lá as faltas dos deputados? que significância adquire a criação dum Portal que envia alertas aos cidadãos para a dezena de administradores duma empresa do Estado que serão admitidos com a sua privatização?
bem, parlamentarismo inconsequente mascara muita coisa. teatro acomodado, talvez.

Celso Guedes de Carvalho said...

Não sabia que este meu post estava no seu blogue. Fico saisfeito por ter gostado e por divulgar. Um abraço. Celso Guedes de Carvalho (www.viagensnomeupartido.com)